A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) (BRASIL, 2018) é o documento normativo mais recente que orienta as ações pedagógicas em âmbito nacional. A discussão de um documento com "padrões" para todo o território nacional vem sendo sugerido desde a constituição de 1988 e ganhando forças na formalização da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica) (9394/96). Suas discussões foram mais enfáticas com a aprovação do PNE (Plano Nacional da Educação) (LEI: 13005/2014). A partir desse plano e de suas metas estabelecidas a BNCC (2018) foi sendo estruturada.
Mas por que vilão ou mocinha?
Durante a sua elaboração, foram realizadas discussões com escolas públicas, privadas, universidades públicas e privadas, setor empresarial, organizações não governamentais e diversos especialistas em educação. Acontece que após essa primeira discussão muitos especialistas e universidades, pesquisadores e professores qualificados para apontar melhorias no documento, foram sendo deixados de lado e empresas privadas na área da educação e indústria foram os mais envolvidos o que gerou desconforto na comunidade que estava envolvida nessas discussões. Com isso, chegou-se a conclusão de que muitas inconformidades foram encontradas nesse documento, dentre eles: muitas habilidades em determinadas áreas e poucas noutras; a forma de avaliação não está claramente definida; nenhuma formação para que os professores pudessem trabalhar as competências, as habilidades e outros elementos como projeto de vida; currículo limitado, sem levar em consideração as particularidades regionais do nosso país; múltiplas interpretatividades no que tange competências e habilidades. Esses são alguns dos apontamentos dos quais a BNCC pode ser considerada um "vilã".
Por outro lado, alguns acreditam que a BNCC também pode ser uma "mocinha" apesar de muitas inconformidades. Uma das características é a abordagem por competências e habilidades. Ao abordarmos esses elementos conseguimos identificar se devemos para, recuar ou prosseguir em um determinado processo. A partir delas é possível elaborar atividades de maneira inter ou transdisciplinar já que muitas dessas habilidades são abrangentes e são suporte para mais de um objeto de aprendizagem. É promissor também o desenvolvimento de projetos colaborativos que transcendam os muros escolares e levando o estudante a aplicar em sua realidade o que vivenciou na escola.
Diante disso, acreditamos que a BNCC (2018) é um documento importante que ainda necessita de alguns ajustes, mas que possibilita uma melhora significativa nos caminhos da Educação brasileira.
Referências
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VEIGA, J. M. Base nacional comum curricular (BNCC) foi tema de debate entre associações científicas em colóquio promovido pela ANPED: novo documento será entregue ao CNE esta semana pelo MEC. Anped: Rio de Janeiro, 27 abr. 2016. Disponível em: http://www.anped.org.br/news/base-nacional-comum-curricular-bncc-foi-tema-de-debate-entre-associacoes-cientificas-em Acesso em: 30 jun. 2017. <http://www.anped.org.br/news/base-nacional-comum-curricular-bncc-foi-tema-de-debate-entre-associacoes-cientificas-em>.
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